Caio Jacintho, Judite Cypreste, Ramon Carnaval
01
September
2022
A concepção do primeiro Datalake público municipal do mundo nasceu da ideia de uma interação célere entre órgãos que necessitavam de dados para formular e monitorar políticas públicas para a cidade do Rio de Janeiro.
Outro fator importante na decisão foi pensar no fortalecimento da transparência ativa dessas mesmas políticas, permitindo a participação social e manipulação de dados públicos, inclusive para a comunidade acadêmica que possui uma capacidade colossal de construir pesquisas e produtos que podem agregar enorme valor para a gestão pública.
Precisamos antes, porém, descrever o que é Datalake. Ele é um repositório centralizado de dados da administração pública da cidade do Rio de Janeiro. Lá, estão armazenados dados oriundos dos sistemas transacionais da prefeitura, além de outros registros feitos em planilhas eletrônicas.
A palavra original, um substantivo comum e separado (data lake) remete ao conceito de “lago de dados”: um repositório centralizado que armazena dados estruturados ou não, em qualquer escala. O nosso, substantivo próprio e unido, (Datalake) segue a mesma lógica: estruturado e com a missão de ser uma verdadeira disruptura no campo dos dados para o poder público e sociedade civil.
A agilidade no processo, é com certeza, um dos fatores mais benéficos da implementação do projeto. Anteriormente a iniciativa, por exemplo, se um órgão necessitava de uma base de outro órgão, era preciso comunicar ao gestor deste, que por sua vez, acionaria o operador para liberação de uma extração de informações. Isso tudo com muito tempo investido para acontecer.
Agora, o mesmo processo é realizado pelo Escritório de Dados que busca agilizar a interação e utiliza sua infraestrutura para automatizar a captura e armazenamento dos dados. Além da governança dos dados, o Escritório também é responsável pela organização e o tratamento das informações após a captura com a promessa de entregá-los prontos para uso, de modo que qualquer pessoa, do especialista ao iniciante, possa manipular estas informações sem dificuldades.
Na edição especial da MIT Technology Review, publicado por TEC, Natanael Damasceno registra que:
“O desafio que se coloca é trabalhar os dados com inteligência e, a partir da sua combinação ou do seu cruzamento, gerar informação relevante e estratégica e, sobretudo, potencializar resultados e dar segurança para a tomada de decisão. Isso porque o aumento exponencial do volume e da complexidade dos dados disponíveis dificulta o acesso e a análise de toda essa informação.”
Além das questões técnicas envolvidas, é preciso também que haja uma noção sobre os impactos da publicação de uma nova base. Afinal, nosso trabalho não se resume só a um desenvolvimento tecnológico ou linhas de programação, é uma relação de confiança mútua entre os envolvidos, na busca e implantação de propostas que tenham impacto na vida da sociedade.
No campo acadêmico, as universidades possuem tanto o papel quanto a função social de contribuir para políticas públicas. Isso ocorre por meio de pesquisas que investigam causas, fatos, hipóteses e questões nos mais diversos temas. E é, neste sentido, que o Escritório de Dados tem elaborado diversas parcerias acadêmicas, procurando entregar mais resultados que causem impacto social.
Um caso que podemos citar é a parceria com o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Estamos desenvolvendo um modelo que viabilize prever alagamentos na cidade. Com uma previsão mais precisa, a priorização operacional e seus esforços podem ser otimizados em uma situação emergencial. Esse tipo de trabalho só é possível com a união de esforços, e com a arquitetura de dados que permite que isso possa ser estudado, analisado e enfim, colocado em prática.
É a partir deste, e de outros exemplos de cidadania, que mostramos a importância do Datalake não só para a cidade do Rio de Janeiro, como em seu papel de uma iniciativa para que outras organizações governamentais se inspirem e possam pensar em estratégias para uma governança sólida. Uma forma de romper com a negligência e descaso das gerações políticas, e investir no que realmente importa: a vida do cidadão. .